As recentes medidas de aumento tarifário anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltaram a agitar os mercados globais e acenderam o alerta entre investidores de todo o mundo. Segundo o estrategista-chefe da BlackRock para a América Latina, Axel Christensen, o cenário tende a permanecer marcado por alta volatilidade, com implicações diretas para inflação, crescimento econômico e estratégias de investimento.

    O que é o “tarifaço”?

    A nova política comercial de Trump, apelidada de “tarifaço”, inclui três frentes principais:
    1. Tarifas setoriais: voltadas a setores considerados estratégicos para os EUA, como aço, alumínio e automóveis;
    2. Tarifa universal de 10%: aplicada à maioria das importações de forma geral;
    3. Tarifas específicas por país: concentradas em cerca de 60 nações com superávit comercial com os EUA — com destaque para a China, que enfrenta alíquotas de pelo menos 145%.

    O impacto da medida já é sentido nos mercados. “A maioria dos países, exceto a China, foi temporariamente isenta das tarifas. Isso indica que o governo norte-americano está tentando medir as consequências econômicas e políticas dessa política, além de avaliar a disposição de cada país em negociar”, explica Christensen.

    Riscos para a economia global

    As tarifas elevam os custos de importação e, por consequência, pressionam a inflação. Além disso, podem desencorajar investimentos e consumo. “O risco de uma recessão cresce à medida que a incerteza aumenta. Empresas tendem a adiar decisões importantes, enquanto consumidores veem sua renda real e patrimônio ameaçados”, alerta o estrategista.

    Essa incerteza política e comercial, segundo Christensen, cria um ambiente de aversão ao risco e exige mais seletividade por parte dos investidores. “A correção abrupta dos mercados pode acontecer a qualquer momento. A diversificação e o foco em estratégias que avaliem bem os fundamentos dos ativos são mais importantes do que nunca”, completa.

    Oportunidades no meio da turbulência

    Apesar do cenário desafiador, alguns setores e regiões ainda oferecem oportunidades. A BlackRock observa, por exemplo, uma leve retomada do apetite por risco, com maior exposição a ações nos EUA e no Japão. No entanto, a recomendação é clara: “É hora de ser cauteloso e estratégico”.

    Christensen reforça que não se trata de evitar completamente os ativos de risco, mas sim de identificar setores menos expostos aos efeitos do tarifaço, ou que possam até se beneficiar de movimentos protecionistas — como empresas voltadas ao mercado interno norte-americano ou com cadeias de suprimentos menos globalizadas.

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