O presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou, nesta semana, a articulação diplomática e comercial com a China com o objetivo de atrair novos investimentos para obras de infraestrutura no Brasil. A iniciativa faz parte de uma agenda estratégica que visa consolidar a retomada do crescimento econômico por meio de parcerias com o principal parceiro comercial do país.
Durante sua visita oficial a Pequim, Lula participou de uma série de reuniões com representantes do governo chinês e de grandes conglomerados empresariais, como a China Railway, State Grid e a CRCC. As conversas abordaram oportunidades em áreas como ferrovias, rodovias, portos, energia e telecomunicações — setores considerados essenciais para destravar gargalos logísticos e acelerar o desenvolvimento nacional.
Segundo integrantes do governo, o Brasil busca repetir o modelo de concessões e parcerias público-privadas (PPPs), oferecendo segurança jurídica e rentabilidade para atrair os bilhões de dólares disponíveis no fundo soberano chinês e de bancos como o China Development Bank.
“A China tem interesse estratégico em garantir acesso a commodities brasileiras e logística eficiente para escoamento. Isso converge com nossa necessidade de modernizar a infraestrutura nacional”, afirmou um assessor do Ministério do Planejamento.
Além dos investimentos em infraestrutura física, Lula também quer aproximar os dois países na área de inovação e transição energética. Projetos de energia solar, eólica e hidrogênio verde foram discutidos como parte de uma nova etapa da cooperação Brasil-China.
Um novo capítulo nas relações bilaterais
A visita de Lula ocorre em um momento de reconfiguração geopolítica global, com o Brasil buscando maior protagonismo nos BRICS e nas discussões sobre um novo modelo de governança mundial. O estreitamento com a China é visto como um contrapeso à pressão dos Estados Unidos e à desaceleração de investimentos europeus.
Com a meta de destravar obras paradas, como a Ferrogrão e a ampliação de portos do Norte e Nordeste, o governo espera que a China se torne a principal financiadora de infraestrutura no Brasil até 2026.
A missão em Pequim foi acompanhada por ministros da Fazenda, Transportes e Relações Exteriores, além de uma comitiva de empresários brasileiros, e sinaliza a retomada de uma política externa pragmática, com foco em resultados econômicos concretos.