Um levantamento divulgado nesta semana pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a Think Forward, revelou um dado alarmante: 15% da população brasileira apostou em sites de jogos online (as chamadas “bets”) ao longo de 2024. O estudo também apontou que 47% desses apostadores estão atualmente endividados, evidenciando o impacto financeiro negativo do crescimento desenfreado dessa prática.
Jovens e classes C e D lideram número de apostadores
Segundo a pesquisa, jovens entre 18 e 24 anos representam a faixa etária com maior índice de apostas: 26% disseram já ter feito alguma aposta online. O público masculino também se destaca: 18% dos homens entrevistados afirmaram que apostaram em 2024, contra 12% das mulheres. Ainda de acordo com o levantamento, as classes C e D concentram a maioria dos apostadores, o que levanta preocupações sobre os efeitos sociais e financeiros do vício em jogos sobre as famílias de menor renda.
Lucro é exceção: 49% perderam dinheiro
Embora muitos entrem nas apostas com o sonho de melhorar de vida, a realidade é bem diferente. Apenas 12% dos entrevistados afirmaram ter lucrado com as apostas. Já 49% disseram que perderam dinheiro, e outros 36% afirmaram que “empataram”, ou seja, ficaram no zero a zero.
Cerca de 20% dos apostadores veem as plataformas de apostas como uma possibilidade real de mudar de vida, o que, para especialistas, demonstra uma percepção distorcida da atividade, que frequentemente resulta em perdas financeiras e vício.
Especialistas pedem regulamentação urgente
O crescimento acelerado das plataformas de apostas online tem acendido um alerta entre especialistas e autoridades. O acesso facilitado, a publicidade intensa (muitas vezes feita por influenciadores digitais) e a ausência de mecanismos de controle eficazes têm impulsionado o número de jogadores — inclusive entre adolescentes.
A pesquisa reacende o debate sobre a necessidade de regulamentações mais rígidas, incluindo regras claras para publicidade, limites de apostas, políticas de prevenção ao vício e proteção dos consumidores. No Congresso Nacional, parlamentares já discutem projetos de lei voltados ao controle do setor.