O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta o momento mais desafiador de seu terceiro mandato. A mais recente pesquisa da Genial/Quaest, divulgada no início de abril, revela que a desaprovação ao governo subiu para 56%, enquanto a aprovação caiu para 41% — o pior índice desde que Lula reassumiu a Presidência em janeiro de 2023.
Entre os principais fatores que contribuem para o desgaste estão a inflação persistente, a percepção de piora na economia e a queda no poder de compra da população. A um ano e meio das eleições municipais, esses indicadores acendem o alerta no Palácio do Planalto.
Custo de vida em alta pesa na avaliação popular
De acordo com economistas, o principal elemento que tem afetado a imagem do governo é a alta dos preços dos alimentos e produtos básicos. A percepção da população é clara: tudo está mais caro. Uma pesquisa complementar da Quaest apontou que 88% dos brasileiros percebem aumento nos preços dos alimentos, enquanto apenas 6% disseram notar estabilidade ou queda.
Produtos como arroz, feijão, café, óleo e carne estão entre os que mais impactam o dia a dia da população de baixa e média renda. “A inflação oficial está moderada, mas o que chega no bolso do consumidor é muito diferente”, explicou um analista do mercado financeiro ao Financial Times.
Redutos tradicionais começam a demonstrar desgaste
A insatisfação popular com o governo atinge até mesmo regiões historicamente favoráveis ao PT, como o Nordeste. Reportagem recente do El País destacou que parte da base eleitoral de Lula já demonstra frustração, principalmente pela dificuldade de acesso a alimentos, aumento da violência e sensação de abandono nas periferias.
A insegurança também é um tema recorrente. Em vários estados, os índices de criminalidade aumentaram, o que tem gerado pressão sobre o governo federal por respostas mais contundentes.
Desafio eleitoral em meio a desgaste
Com esse cenário, Lula e sua equipe sabem que o tempo é curto: as eleições municipais de 2026 serão um termômetro decisivo para medir a força do governo nas urnas. A expectativa é de que o Planalto intensifique a entrega de obras, programas sociais e diálogo com o Congresso Nacional para tentar reverter a curva de desaprovação.
Segundo aliados do presidente, o governo aposta em medidas como a retomada de investimentos no PAC, ampliação do Bolsa Família e isenções fiscais para alimentos da cesta básica como formas de aliviar o clima de insatisfação.