Ministro da Fazenda afirma que elevação da taxa já estava contratada desde a gestão anterior e defende continuidade com responsabilidade

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou nesta quinta-feira (20) a decisão do Banco Central de elevar novamente a taxa básica de juros (Selic), que agora está em 14,25% ao ano. Durante entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, Haddad afirmou que a alta “já estava contratada” desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2024, ainda sob a presidência de Roberto Campos Neto.

    A nova diretoria do Banco Central, agora comandada por Gabriel Galípolo, tem sido alvo de expectativas quanto à condução da política monetária. No entanto, Haddad defendeu a postura cautelosa do novo comando e rebateu críticas por uma possível continuidade da linha dura sobre os juros:

    “Você não pode dar um cavalo de pau depois que assume. A política econômica é feita com responsabilidade, e é isso que o novo presidente do Banco Central está fazendo”, declarou o ministro.

    Pressão por cortes e expectativa frustrada

    O mercado financeiro e parte do setor produtivo esperavam que o novo comando do BC promovesse uma redução gradual da Selic. Porém, a manutenção da tendência de alta — embora já esperada por técnicos da Fazenda — frustrou expectativas e reacendeu o debate sobre o impacto da política monetária no crescimento econômico.

    Haddad explicou que o Brasil ainda enfrenta efeitos acumulados da gestão anterior, como pressões fiscais e desafios inflacionários, e reforçou que o novo governo vem atuando para equilibrar as contas e recuperar a confiança do mercado sem abrir mão do controle da inflação.

    Transição econômica e comparações

    O ministro também comparou a situação enfrentada por Galípolo à sua própria experiência ao assumir o Ministério da Fazenda após a gestão de Paulo Guedes. Segundo Haddad, ambos herdaram políticas e compromissos que precisam ser honrados, evitando movimentos bruscos que possam desestabilizar a economia:

    “Quando cheguei na Fazenda, também não pude virar tudo de uma vez. É preciso ter coerência. A política econômica deve ser feita com transição e responsabilidade, e é isso que o Banco Central está fazendo.”

    A fala de Haddad reforça o recado de que não haverá rupturas imediatas, mas sim uma condução gradual da política monetária, em sintonia com o novo projeto econômico do governo Lula.

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